É muito comum observar em narrativas sobre magnetismo e energia de manifestação a ideia de que nós precisamos pensar positivo, pois manifestamos aquilo que pensamos. Minha opinião, entretanto, é diferente.
Se, de fato, manifestássemos todos os nossos pensamentos, imagine só a loucura que seria nossa vida! A minha mente, por exemplo, pensa sem parar, e muitas vezes em coisas aleatórias. Se eu realmente manifestasse tudo aquilo que se passa pela minha cabeça, hoje eu teria uns quinze gatos, talvez uns vinte cachorros e minha vida estaria uma bagunça, sem espaço para acolher tudo aquilo em que já pensei, ou que eu já desejei.
Pensar não é acreditar
A palavra ‘pensamento’ vem sendo usada de forma equivocada. Não é sobre aquilo que a gente pensa, e sim sobre aquilo em que a gente acredita. Pensamentos são extremamente voláteis, são como o ar, como nuvens, eles vêm e vão sem que saibamos de onde ou para onde. Não temos muito controle sobre eles. Por outro lado, as crenças são coisas que estão mais enraizadas no nosso subconsciente. Então, você não manifesta aquilo que pensa; você manifesta aquilo em que acredita – e, aqui, há uma significativa diferença.
O que são crenças
Imagine a sua mente como um grande jardim de areia, como aqueles jardins Zen de meditação, onde você passa o arado e ele vai desenhando alguns sulcos na areia. A cada momento em que você tem um pensamento, é como se fizesse um risco neste jardim. As crenças são aqueles pensamentos que você teve tantas vezes, tão repetidamente, que os sulcos formados na areia estão muito mais profundos do que aqueles pensamentos mais superficiais.
As crenças são desenvolvidas de duas formas:
- Pela repetição: algo que ouvimos demasiadamente ao longo de nossas vidas e que acabamos internalizando como verdade – ainda que, às vezes, não seja.
- Pela emoção: quando temos algum momento de insight ou aprendizado relacionado a uma forte emoção. (Aqui, também, a crença pode não representar a realidade.)
E o que acontece quando essas crenças vão formando sulcos mais profundos na mente?
Os efeitos das crenças na mente
Imagine agora que, a partir desses sulcos, cria-se um sistema de irrigação no seu cérebro e que o fluxo da abundância, ou o fluxo da vida, vai passar através dele. O natural é que o fluido derramado escorra por essas veias mais cavadas e atinja a maior profundidade, certo? É justamente por isso que não manifestamos aquilo que pensamos, e sim aquilo em que acreditamos, a partir destes vincos mais profundos que estão no nosso subconsciente.
Por isso, não adianta ficar apenas repetindo afirmações sem ressignificar esses vincos subconscientes que não estão te servindo. Se você tem crenças que estão vibrando em uma ideia de baixa autoestima, baixo merecimento e falta de amor próprio, não adianta querer “tapar o sol com a peneira” através de afirmações positivas. É necessário reconhecer esse padrão e entender de onde ele veio – algo ocorrido em sua infância, ou talvez você tenha desenvolvido um aspecto de sombra, um aspecto não integrado de si mesmo, ou algo de que você se envergonhe, etc.
Quebrando padrões e manifestando abundância
É preciso muito autoestudo e dedicação e, em muitos casos, terapia. Esta é uma ótima maneira de tratar esses sulcos mais profundos, de uma forma mais eficaz, assistida por um profissional.
A partir da identificação e do reconhececimento desses padrões de pensamentos que drenam sua energia, é possível ressignificá-los e reprogramar o seu subconsciente através da neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se moldar de forma diferente.
Acreditar que manifestamos o que pensamos pode ser um alívio em muitos momentos, mas desmistificar este conceito é essencial para que façamos uma reflexão muito mais profunda sobre o que é preciso para que nos tornemos realmente magnéticos e alinhados ao fluxo de abundância da vida.
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